General está detido há quase dois meses sob suspeita de envolvimento em tentativa de golpe de Estado
O comandante do Exército, general Tomás Paiva, aproveitou sua visita ao Rio de Janeiro para participar de uma atividade na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) e também fez uma visita ao general Walter Braga Netto, que está detido há quase dois meses devido à suspeita de sua participação em uma tentativa de golpe após as eleições de 2022.
Essa visita ocorreu na última sexta-feira (7) e teve duração aproximada de 15 minutos. Durante o encontro, o comandante fez perguntas habituais a militares que estão sob custódia do Exército, buscando saber se Braga Netto tem recebido tratamento adequado, se tem contato com a família e acesso a advogados.
Braga Netto, que ocupou os cargos de ministro da Defesa e da Casa Civil durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), encontra-se preso no Comando da 1ª Divisão do Exército, na capital fluminense.
Apesar de ser denominado “prisão”, ele está alojado em um quarto destinado ao comandante da unidade. Esse espaço conta com armário, frigobar, televisão, ar-condicionado e banheiro privativo.
O Estatuto dos Militares estabelece que a pena de prisão ou detenção deve ser cumprida apenas em organizações militares da respectiva Força, onde o comandante tenha hierarquia superior ao preso.
Assim, Braga Netto, sendo um general quatro estrelas, só pode ser mantido em um local supervisionado por um militar de patente equivalente.
Devido à raridade dessa situação, foi necessário improvisar o local da detenção, já que não existe uma estrutura adequada para receber generais dessa graduação.
Essa prisão especial é um privilégio concedido aos militares enquanto aguardam a condenação definitiva.
Walter Braga Netto se tornou o primeiro general quatro estrelas do Exército brasileiro a ser preso.
Detenção
Braga Netto foi detido pela Polícia Federal (PF) no dia 14 de dezembro e é acusado de fazer parte da articulação de um plano para realizar um golpe de Estado.
As investigações iniciais indicavam que o militar estava envolvido em articulações políticas para essa tentativa de golpe, incluindo a elaboração de planos e documentos.
A PF afirma que Braga Netto teria produzido um “manuscrito”, encontrado na mesa de um dos assessores do general na sede do PL, com a frase: “Lula não sobe a rampa”.
Além disso, a PF aponta que Braga Netto coordenou militares envolvidos no golpe, incentivou ataques através das chamadas milícias digitais e foi identificado como financiador por ter entregue uma sacola com dinheiro a um indivíduo conhecido como “kid preto”.
O general também é suspeito de tentar acessar informações sobre a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Bolsonaro.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) declarou em uma manifestação que a prisão preventiva do general é necessária para evitar possíveis interferências nas investigações. Por outro lado, a defesa de Braga Netto refuta todas as acusações feitas contra ele.