Era para ser apenas mais um fim de tarde calmo na zona rural de Abelardo Luz, no Oeste de Santa Catarina. O cenário bucólico, rodeado por mata fechada e trilhas escondidas, escondia uma tensão invisível — que viria à tona de forma brutal e impensável. No domingo, 25 de maio, por volta das 17h15, uma cena familiar transformou-se em um enredo de horror.
Um pai, uma criança nos braços, e uma caminhada silenciosa rumo à floresta. Nada na cena indicava o que estava prestes a acontecer. Nenhum grito, nenhum pedido de socorro. Apenas o silêncio da mata e o som abafado de passos sobre a terra úmida.
Horas depois, na madrugada já mergulhada em angústia, um telefonema mudou tudo.
Do outro lado da linha, a voz era conhecida — era o próprio pai. O que ele disse, com frieza absoluta, deixou a família em choque: “Agora já foi.” Era a confissão de um crime inimaginável. A filha, uma menina de apenas 1 ano e 9 meses, não estava mais viva.
A partir daí, a história se desenrolou com contornos ainda mais perturbadores.
A Caçada na Mata e a Revelação Gelada
Mobilizada imediatamente, a Polícia Militar iniciou as buscas. Na manhã de segunda-feira, 26 de maio, veio a confirmação que ninguém queria ouvir: o corpo da criança foi encontrado em uma região de mata densa, no ponto exato indicado pelo assassino.
Mas foram os detalhes da cena que causaram um abalo ainda maior nas equipes de resgate e nos peritos. Ao lado do corpo da menina, havia um pote de iogurte e um recipiente com lanche.
Uma última refeição, preparada ou oferecida antes do ato fatal. A polícia investiga se o pai alimentou a criança momentos antes de matá-la — um gesto que torna o crime ainda mais inquietante. Um cuidado cruel, uma calma sinistra.
A pequena foi encontrada na divisa entre os municípios de Abelardo Luz, Faxinal dos Guedes e Vargeão.
Confissão, Tentativa de Suicídio e Prisão
Após confessar o crime, o homem de 41 anos tentou tirar a própria vida. A tentativa, no entanto, foi frustrada.
A população da região mergulhou em luto. Abelardo Luz, cidade acostumada à rotina pacata do interior, foi dominada por um silêncio pesado.
Velas foram acesas, orações sussurradas, e muitas perguntas ficaram no ar.
O Peso de um Crime que Vai Além da Tragédia Pessoal
Mais do que um caso policial, o assassinato da criança levanta discussões profundas e urgentes. Especialistas apontam falhas nos mecanismos de proteção à infância, ausência de acompanhamento psicológico e a invisibilidade de dinâmicas familiares violentas que se agravam sem serem percebidas.
O crime reacendeu o debate sobre saúde mental, violência doméstica e a responsabilidade do Estado na prevenção de tragédias que poderiam ser evitadas. A pergunta que se impõe é incômoda, mas necessária: quantas famílias vivem silenciosamente à beira do abismo?
A Polícia Civil já confirmou que concederá uma coletiva à imprensa nos próximos dias para detalhar as investigações, que seguem em andamento.
O Horror que Não se Explica, Mas que Precisa Ser Entendido
Há crimes que desafiam a lógica, que rompem com qualquer tentativa de explicação racional. Este é um deles.
Enquanto o Brasil tenta processar o horror dessa história, fica o alerta de que monstros nem sempre se escondem nas sombras — às vezes, eles caminham entre nós, silenciosos, dentro das próprias casas.
E nesse silêncio, vidas preciosas são perdidas.