O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a ser motivo de preocupação entre seus aliados mais próximos. Nos bastidores da política, os sinais de fragilidade física do ex-mandatário estão sendo interpretados como um agravamento do quadro de saúde que, desde a facada sofrida em setembro de 2018, tem exigido sucessivos cuidados médicos.
Na quarta-feira (30/7), Bolsonaro sofreu episódios prolongados de soluço, que, segundo relatos de pessoas próximas, chegaram a comprometer sua fala.
A situação foi presenciada por aliados durante compromissos informais e causou apreensão. Essa não é a primeira vez que o ex-presidente enfrenta esse sintoma de forma persistente; crises semelhantes já ocorreram em anos anteriores, geralmente associadas a problemas gastrointestinais, o ponto mais sensível de sua saúde desde o atentado em Juiz de Fora.
Mesmo com o agravamento do quadro, Bolsonaro participou ativamente de uma motociata em Brasília no dia 29 de julho. O evento, tradicional em sua base de apoio mais fiel, mostrou o ex-presidente aparentemente disposto, mas, segundo aliados, à custa de esforço visível.
Fontes próximas afirmam que ele insistiu em comparecer por considerar essencial manter sua imagem pública ativa diante dos desafios jurídicos e políticos que enfrenta atualmente.
Entre os fatores apontados como possíveis gatilhos para o novo episódio de piora está o uso obrigatório de uma tornozeleira eletrônica.
Nos bastidores do PL, o clima é de apreensão. Aliados evitam declarações públicas sobre o quadro clínico de Bolsonaro, mas admitem, em reservado, que há temor de que as limitações físicas impeçam o ex-presidente de manter o protagonismo político. Um interlocutor chegou a dizer, em condição de anonimato, que “Bolsonaro não é mais o mesmo”, e que “a facada deixou marcas que talvez nunca cicatrizem completamente — no corpo e na mente”.
Especialistas ouvidos pela reportagem alertam que crises frequentes de soluço podem indicar distúrbios mais graves, como refluxo gastroesofágico severo, alterações neurológicas ou efeitos colaterais de medicamentos. Considerando o histórico de múltiplas cirurgias intestinais, qualquer nova complicação merece atenção médica imediata.
O entorno bolsonarista, por sua vez, tenta manter uma narrativa de força e resistência. Nas redes sociais, lideranças do PL continuam promovendo imagens do ex-presidente em meio ao povo, reforçando sua figura de “guerreiro” e “vítima de perseguição”.
Embora ainda não haja sinalizações oficiais sobre um afastamento definitivo da vida pública, fontes do partido já discutem, discretamente, estratégias para o futuro.
Com o agravamento do quadro de saúde e o cerco jurídico se fechando, o ex-presidente vive talvez um dos momentos mais delicados desde que deixou o Palácio do Planalto.
O desfecho dessa história permanece em aberto, mas uma coisa é certa: a saúde de Bolsonaro deixou de ser apenas uma questão pessoal e passou a ser um fator político com potencial de redesenhar o tabuleiro da direita brasileira.