CONFIRMADO: Empresári0 que M4T0U gari, acaba de ser m… Ver mais

A Justiça mineira concedeu um novo fôlego à defesa de Renê da Silva Nogueira Júnior, empresário e assassino confesso do gari Laudemir de Souza Fernandes. A juíza Ana Carolina Rauen Lopes de Souza decidiu, nesta quinta-feira (3), prorrogar por mais dez dias o prazo para que o advogado do réu apresente sua manifestação no processo. A decisão ocorre em meio a uma série de controvérsias que têm marcado o caso, desde trocas sucessivas de advogados até o vazamento de informações sensíveis na imprensa.

O advogado de defesa, Bruno Silva Rodrigues, justificou o pedido de extensão alegando dificuldades técnicas para acessar o conteúdo de um HD e de um celular apreendidos, que contêm parte das provas do processo. Segundo o defensor, os dispositivos apresentam falhas que impediram o pleno exame do material — o que, segundo ele, inviabilizaria a elaboração de uma resposta completa às acusações. A juíza acatou a justificativa, destacando, no entanto, que o prazo adicional é “improrrogável”.

Essa não é a primeira vez que a magistrada demonstra impaciência com a condução da defesa. No mês passado, Ana Carolina chegou a repreender Renê Nogueira por atrasos reiterados e pela troca constante de advogados, comportamento que, segundo ela, tem causado “tumulto processual”. O empresário chegou a ser representado por dois advogados simultaneamente, mas ambos estavam sem a devida autorização para atuar nos autos — situação que levou a juíza a determinar a regularização imediata da defesa. Após o impasse, Renê formalizou a nomeação de Bruno Silva Rodrigues como seu único representante legal.

O caso, que já chama atenção pela gravidade do crime, ganhou novos contornos após a decisão da juíza de colocar o processo sob sigilo judicial. Em sua justificativa, Ana Carolina afirmou ter identificado “acessos atípicos” ao processo eletrônico no site do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, o que levantou suspeitas de possíveis vazamentos de informações sigilosas. A medida visa preservar a integridade das provas e evitar a exposição indevida de partes e testemunhas envolvidas.

Nos bastidores, a defesa tem se mostrado preocupada com o que chama de “vazamentos seletivos” de informações à imprensa. Nos últimos dias, veículos de comunicação divulgaram supostas mensagens trocadas por Renê no dia do crime. Em uma delas, o empresário teria pedido ajuda a um coronel da Polícia Militar de Minas Gerais, logo após o assassinato. Outras mensagens, trocadas com a esposa — a delegada Ana Paula Lamego Balbino —, teriam sido enviadas de dentro da própria delegacia, onde ele estava detido. As revelações reacenderam o debate sobre o possível uso de influência e relações pessoais por parte do réu.

A decisão de manter o processo em sigilo gerou repercussão entre juristas e especialistas em direito penal, que avaliam que a medida é necessária para garantir o equilíbrio da investigação. Para alguns, a ampla divulgação de informações pode afetar o julgamento público e comprometer a isenção dos jurados, caso o processo vá a júri popular. Outros, no entanto, alertam que o sigilo não deve ser usado para ocultar irregularidades ou restringir o controle social sobre casos de grande repercussão.

Enquanto a defesa tenta reorganizar sua estratégia, a família de Laudemir Fernandes segue cobrando justiça. Amigos e colegas de trabalho do gari afirmam que o caso não pode se arrastar indefinidamente nos tribunais. “Cada prorrogação é uma ferida reaberta”, disse um familiar, que pediu para não ser identificado. O crime, que chocou a comunidade local pela brutalidade e pela frieza do autor confesso, continua a despertar comoção e revolta. Com o novo prazo concedido, a expectativa é que a defesa apresente suas manifestações até a próxima semana — e que o caso, envolto em polêmicas e segredos, finalmente avance para sua próxima fase judicial.