Decisão sobre o Impeachment de Moraes é tomada, ele va…Ver mais

Uma nova pesquisa da Genial/Quaest trouxe à tona, nesta segunda-feira (25), um retrato revelador da divisão que marca a opinião pública brasileira em torno do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O levantamento mostra que 46% dos entrevistados são favoráveis a um processo de impeachment contra o magistrado, enquanto 43% rejeitam a ideia.

Outros 11% preferiram não responder ou se declararam indecisos. O dado expõe não apenas a polarização da sociedade, mas também a centralidade de Moraes no debate político e jurídico do país.

A relevância do ministro cresceu de forma exponencial nos últimos anos, especialmente após sua atuação em processos de grande impacto.

Entre os casos mais emblemáticos estão as investigações sobre os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, o inquérito das fake news, iniciado em 2019, e apurações relacionadas a articulações antidemocráticas no país. Sua postura firme nessas investigações transformou Moraes em um dos personagens mais influentes — e também mais contestados — do cenário nacional.

Para seus apoiadores, ele se tornou um guardião da democracia. Para seus críticos, um magistrado que teria ultrapassado os limites da função.

Essa polarização não se restringe às decisões jurídicas. Moraes ganhou ainda mais holofotes após medidas contra plataformas digitais, como o bloqueio temporário do X (antigo Twitter) no Brasil e sanções impostas à Rumble, uma plataforma de vídeos popular entre grupos conservadores.

As medidas reverberaram não apenas em território nacional, mas também no cenário internacional, culminando na inclusão do ministro como alvo da chamada Lei Magnitsky, aplicada pelos Estados Unidos contra autoridades acusadas de violações de direitos humanos ou abusos de poder. Esse movimento ampliou a discussão sobre o alcance e as consequências das decisões tomadas pelo magistrado.
No Congresso Nacional, o impacto da pesquisa reforça a pressão da oposição, que tem protocolado sucessivos pedidos de impeachment contra Moraes. Entretanto, analistas políticos ressaltam que, apesar da mobilização, não há qualquer sinal concreto de que tais iniciativas avancem. Até o momento, nunca houve um caso de impeachment de um ministro do Supremo Tribunal Federal na história brasileira, o que por si só coloca em perspectiva a dificuldade de viabilizar juridicamente e politicamente um processo desse porte.
A Constituição confere ao Senado Federal a competência para analisar pedidos desse tipo, mas a tramitação depende da disposição da Presidência da Casa.

 

Atualmente, esse poder está nas mãos de Davi Alcolumbre (União-AP), presidente do Senado, que tem demonstrado postura semelhante à de seu antecessor, Rodrigo Pacheco (PSD-MG): a de não abrir caminho para o impeachment de ministros do Supremo.

Nos bastidores, parlamentares relatam que a condução de Alcolumbre deve manter a tendência de arquivar ou engavetar tais pedidos, preservando a estabilidade institucional entre os Poderes. Para especialistas, essa decisão não se trata apenas de cálculo político, mas de um movimento para evitar um precedente que poderia fragilizar a própria estrutura do Judiciário no Brasil.

 

O fato de 46% da população apoiar o impeachment, no entanto, não pode ser minimizado. Esse número evidencia uma parcela significativa da sociedade insatisfeita com a atuação de Moraes, o que revela um desafio político e institucional para o STF. A desconfiança de parte da opinião pública em relação ao tribunal já vinha sendo observada em outras pesquisas, e a atual sondagem confirma o desgaste da imagem da Corte em determinados setores da sociedade.
Por outro lado, a proximidade dos 43% que rejeitam a medida aponta que existe uma base igualmente robusta de defesa ao papel desempenhado pelo ministro, sobretudo entre aqueles que enxergam sua atuação como fundamental para conter ataques às instituições.

 

Nesse cenário, o debate sobre o futuro de Alexandre de Moraes vai além do campo jurídico e se transforma em um termômetro da democracia brasileira.

Sua figura concentra tanto apoio quanto resistência, e as pesquisas indicam que qualquer decisão envolvendo o ministro tende a reverberar fortemente no ambiente político. O impasse mostra que o STF, ao lado do Executivo e do Legislativo, seguirá no centro das atenções, enfrentando não apenas o desafio de julgar casos complexos, mas também de preservar sua legitimidade diante de uma sociedade cada vez mais dividida.

 

O que se desenha é um capítulo ainda aberto da história institucional do Brasil, em que Alexandre de Moraes, goste-se dele ou não, continua sendo um protagonista incontornável.