Lula pede para conversar com Trump, e recebe resposta chocante da Casa Branca: “Será mu…Ver Mais

Em um momento delicado nas relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou claro: está aberto ao diálogo, mas só conversará com Donald Trump se for o norte-americano quem tomar a iniciativa. O cenário, já tenso, foi exposto pelo jornalista Gerson Camarotti, do g1, e reflete um clima de frustração e desconfiança em Brasília diante da postura de Washington.

Tudo começou com o anúncio de uma tarifa de 50% sobre exportações brasileiras. A medida, segundo Trump, tem fundamentos econômicos e políticos — embora muitos enxerguem nela um gesto simbólico de endurecimento nas relações com países que, nas palavras dele, mantêm “relações não muito boas” com os EUA.

O Brasil, evidentemente, entrou na mira.

O governo brasileiro tem tentado manter canais diplomáticos minimamente funcionais, mas sem sucesso. A Casa Branca, segundo fontes do Planalto, ignora até mesmo os contatos técnicos com o Departamento de Comércio e o Tesouro norte-americano.

Para o Itamaraty, isso revela um bloqueio político, e não apenas um impasse burocrático.

“Estamos dispostos ao diálogo, mas não vamos correr atrás de quem desrespeita a soberania nacional”, disse, sob condição de anonimato, um assessor direto do presidente. O mesmo interlocutor reforçou que políticas como o Pix — que tem incomodado instituições financeiras norte-americanas, segundo bastidores — não serão alvo de negociação.

A publicação de uma carta assinada por Trump, no último dia 9 de julho, foi mais um capítulo da escalada. E a confirmação, no domingo (27), pelo secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, de que a tarifa entra em vigor em 1º de agosto, apenas reforçou a sensação de que o conflito é inevitável.

O chanceler Mauro Vieira está em Nova York, onde participa de reuniões da ONU. Mas, segundo apurou a reportagem, ele está de prontidão para ir a Washington, caso haja qualquer abertura concreta por parte dos americanos. Até o momento, no entanto, essa disposição não veio.

Do lado econômico, o alerta é vermelho.

A Amcham Brasil estima que cerca de 10 mil empresas exportadoras podem ser diretamente afetadas. O impacto sobre empregos é assustador: mais de 3 milhões de trabalhadores podem sofrer as consequências.

 

O vice-presidente Geraldo Alckmin tem apelado para o bom senso das empresas norte-americanas com atuação no Brasil.

Marcas como General Motors, Johnson & Johnson e Caterpillar foram citadas como possíveis influenciadoras no recuo da medida.

 

Enquanto isso, o ministro Fernando Haddad prepara um plano de contingência. A ideia é simples, mas ambiciosa: proteger os setores mais atingidos e buscar alternativas de mercado.

O documento já chegou às mãos de Lula, mas a decisão final ainda não foi tomada.

Nos próximos dias, o governo brasileiro deve intensificar a diplomacia e buscar apoio no setor privado norte-americano. A estratégia é clara: pressionar por dentro e por fora. Mas a incerteza continua. Até que Trump fale — ou não —, o Brasil seguirá entre o diálogo e a resistência.