Na manhã desta segunda-feira (13), uma jovem de 26 anos foi encontrada morta em sua residência na Zona Oeste de São Paulo, poucos dias após a divulgação de um vídeo nas redes sociais que gerou ampla repercussão. No vídeo, a mulher aparece sorrindo e dizendo: “Quero um homem que me ameace e diga que vai me mat$”, frase que chocou usuários pela conotação perigosa e pela romantização da violência.
A Polícia Civil investiga o caso como possível feminicídio. Segundo informações preliminares, o corpo apresentava sinais de agressão e a principal linha de investigação envolve o ex-companheiro da vítima, com quem ela mantinha um relacionamento conturbado, segundo relatos de familiares e vizinhos.
De acordo com a delegada responsável pelo caso, o vídeo “levanta questões importantes sobre o impacto das redes sociais, o culto à toxicidade em relacionamentos e como a violência é, por vezes, tratada como fetiche ou entretenimento”. O vídeo, publicado no TikTok e posteriormente replicado no Instagram e no X (antigo Twitter), acumulava mais de 500 mil visualizações até ser removido pelas plataformas por violar diretrizes de segurança.
A vítima, identificada como Larissa*, era estudante universitária e vinha acumulando seguidores por seus vídeos considerados “provocativos” e “irônicos”, segundo amigos próximos. “Ela usava o humor ácido para criticar certos padrões de relacionamento, mas nem todo mundo entendia isso.
O problema é que, numa internet que se alimenta de extremos, esse tipo de conteúdo pode ser mal interpretado e até incentivado”, disse uma colega.
Movimentos feministas reagiram com pesar à notícia e reforçaram que, independentemente do tom do vídeo, o que importa é que mais uma mulher foi vítima de uma violência letal que ainda mata milhares no Brasil.
Especialistas em comportamento digital alertam para o que chamam de “estética da violência”, tendência em que discursos agressivos são romantizados ou transformados em memes, sobretudo entre jovens.
O caso de Larissa reacende discussões sobre o papel das redes sociais na propagação de ideias perigosas, o impacto do discurso violento e a urgência em se promover educação digital, especialmente entre os mais jovens.
A investigação segue em andamento. O principal suspeito, que não teve o nome divulgado, está sendo procurado pela polícia. Familiares pedem respeito à memória da vítima e reforçam que “nenhuma fala justifica a violência”.