O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deixou a prisão domiciliar neste sábado (16) para realizar uma bateria de exames médicos em um hospital particular de Brasília. A saída, autorizada pela Justiça, ocorreu sob forte atenção da imprensa e de apoiadores que acompanham de perto os desdobramentos de sua situação judicial.
De acordo com a defesa, os exames devem durar entre seis e oito horas e incluem coleta de sangue e urina, endoscopia e tomografia.
O protocolo foi definido pela equipe médica que acompanha o ex-presidente desde 2018, ano em que ele sofreu uma facada durante a campanha eleitoral e passou por diversas cirurgias abdominais. Ainda que os sintomas não sejam considerados graves, os advogados argumentaram que o quadro exige acompanhamento contínuo para prevenir complicações.
A saída para atendimento médico, entretanto, acontece em um contexto político e jurídico delicado. Bolsonaro cumpre prisão domiciliar desde a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que o enquadrou em investigação sobre suposta articulação, ao lado de seus filhos e aliados, para estimular sanções estrangeiras contra a economia brasileira.
O caso se entrelaça diretamente com a acusação mais grave que Bolsonaro enfrenta: a tentativa de golpe de Estado. A Procuradoria-Geral da República (PGR) o aponta como “principal articulador, maior beneficiário e autor” de atos destinados a romper o Estado Democrático de Direito, com o objetivo de permanecer no poder após a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022.
Entre as acusações listadas estão crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado contra patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.
O julgamento está marcado para o próximo dia 2 de setembro, quando a Primeira Turma do STF, sob presidência do ministro Cristiano Zanin, dará início à análise da ação penal. O processo é considerado histórico por envolver, pela primeira vez, um ex-chefe de Estado em acusações diretas de tentativa de golpe.
Enquanto isso, o estado de saúde de Bolsonaro segue como um componente adicional nesse tabuleiro complexo. Seus aliados exploram o tema para reforçar a imagem de fragilidade pessoal diante de pressões judiciais que consideram excessivas. Já seus críticos veem na sequência de exames e internações uma estratégia para sensibilizar a opinião pública e desviar o foco das acusações centrais.
O fato é que, entre a sala de exames e a sala de julgamento, o ex-presidente se encontra em um dos momentos mais decisivos de sua trajetória política e pessoal. E, ao que tudo indica, os próximos dias serão determinantes para definir não apenas o seu futuro, mas também o curso da política brasileira.